quarta-feira, 24 de março de 2010

Pistas para mudar uma trajetoria de violencia e drogas

É preciso um pouco de criatividade na hora de arregaçar as mangas, começar a mobilizar as pessoas e  promover uma ação concreta de mudança. Cada um pode fazer a sua parte, mas de forma articulada.
A escola muda onde tem uma diretora que é insubmissa ao destino que, desde sempre, teve a escola pública, com a baixa qualidade do ensino, a violência. Mesmo com baixos recursos, baixos salários, a diretora quer construir uma escola com um sistema diferente e acaba motivando os professores e pais.
O caminho é deixar a cultura de vitimismo, esta cultura de espera, de clientelismo em relação ao estado. Temos que passar da expectativa para a ação. A grande pista de mudança do Brasil é descobrir o que podemos fazer, lá onde nós estamos.
O País só vai mudar quando os grupos de cidadãos se articularem nas escolas, nos municípios, ordens religiosas. Quando as pessoas começarem a descobrir que quem detém o poder real não é o estado, mas a cidadania. Os professores têm que se convencer de que o papel deles não é somente transmitir os conteúdos de Biologia, Física, História, Matemática.
O papel central da escola é a discussão de ordem moral. Em segundo lugar vem aprender as disciplinas de ordem científica.Enfim, ministrar ciência com consciência.
Dentro da Biologia, por exemplo, a escola pode trabalhar questões ecológicas, mas não ficar apenas nisso. Ela pode promover um plantio de árvore ao lado da escola, fazer o aluno colocar a mão na terra e construir alguma coisa.Discurso tem de sobra, o que falta é agir. Outro instrumento é fazer com o adolescente a leitura da cultura em que ele vive. Você não pode proibir um adolescente de assistir
filmes violentos ou jogar games, mas pode decodificar com ele as mensagens que está recebendo, fazer a leitura crítica. A escola é o lugar de discutir o conteúdo dos games, dos filmes, das novelas.
A escola pode começar a valorizar aquele aluno que foi bem nas matérias e colabora com o colega que está pior. Às vezes a escola adota o mecanismo contrário, que é o de valorizar a competição, em detrimento da colaboração. Temos que valorizar aquele aluno que se alegra porque todo mundo tirou uma boa nota.
A cultura da escola tem que mudar. O Brasil é um país que pipoca de ações voluntárias, as pessoas são muito solidárias. Uma coisa que a escola pode fazer é levar para dentro de sala estas organizações que trabalham com meninos de rua, com o movimento negro, com os idosos. Os representantes podem falar da sua vivência, para que a juventude se dê conta de que não existe só coisa negativa na
sociedade. Fonte: Ricardo Balestreri, especialista em Direitos Humanos

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