domingo, 28 de dezembro de 2008

As coisas que as escolas não ensinam!!!!


Stephen Downes é um especialista canadense em educação e e-learning. Ele criou um blog especialmente dedicado para discutir as coisas que as escolas não ensinam e que são, na verdade, fundamentais.
Pelo sim pelo não, resolvi fazer um resumão porque o artigo deveria ser distribuído na portas das escolas, nas ruas, na saída dos cinemas, nos shoppings...

Lição 1. Como prever as consequências
A frase mais comum depois de um desastre é "nunca imaginei"...
O fato é que a maior parte das pessoas tem muita dificuldade em prever as consequências das suas ações e as escolas parecem jamais ter pensado em ensinar como melhorar esse aspecto. Prever as consequências é parte ciência, parte matemática. É a habilidade de criar um modelo mental de uma sequência de eventos.
O problema é que em geral a gente confunde a previsão com o desejo e aí tudo fica muito complicado. Prever é avaliar o passado, reunir informações sobre o presente e, muitas vezes, brincar de estatística para responder a perguntas do tipo: que chances eu tenho de saltar de uma altura de 3 metros e sobreviver, são e salvo?

Lição 2. Como ler corretamente
Ao contrário do que você imagina, ler bem não tem nada a ver com ler literatura. Ler tem a ver com olhar para um texto e realmente entender o que está sendo dito (isso também vale para áudio e vídeo, é claro!) e compreender o que, embora não esteja expresso, é parte integrante do texto. Ler na entrelinhas, intuir o contexto, isso é LER.

Lição 3. Como distinguir fatos e ficção
Questionar o que que está sendo dito, aquilo que você lê ou vê na TV é uma ferramenta fundamental para viver num mundo onde todo mundo tem uma opinião sobre todas as coisas e essa opinião muitas vezes é apresentada como se fosse a verdade absoluta.

Lição 4. Como criar empatia com os outros
Muita gente vive no seu próprio mundinho fechado. Nem sempre isso é um problema, mas reconhecer que existem outras criaturas que compartilham nossos espaços e caminham ao nosso lado e que essas pessoas eventualmente também estão vivendo em seus mundinhos fechados é fundamental para a sobrevivência, a sua e, quem sabe até a de todos. Isso vai impedir você de assumir que todos os outros seres são iguais a você. E, ainda mais importante, reconhecer essa presença faz desse outro uma fonte surpreendente e fértil de conhecimentos, inspirações e novas idéias.

Lição 5. Como ser criativo
Acredite, todo mundo pode ser criativo. Nossa espécie é feita para ser assim. Com um pouco de prática você pode ficar muito bom nisso. Criatividade não nasce do nada. Em geral, ela surge como resposta a algum problema. Um bom jeito de exercitar a sua criatividade é procurar problemas que precisem ser resolvidos, coisas que merecem respostas, necessidades que precisam ser satisfeitas. Escreva sobre essas coisas que você vai encontrando por aí, quem sabe num blog?

Lição 6. Como se comunicar com clareza
Comunicar-se bem é, mais do que tudo, uma questão de saber o que dizer e de dominar algumas ferramentas. A parte mais difícil disso, pode acreditar, é saber o que dizer. A regra de ouro é: gaste mais tempo assegurando-se de que entendeu exatamente o que está querendo dizer e só depois colocando as idéias no papel. Os escritores e jornalistas, em geral, pensam num esqueleto antes de sequer começar a digitar a primeira linha.

Lição 7. Como aprender
Seu cérebro consiste em bilhões de célular neurais ligas umas às outras. Aprender é essencialmente arrumar essas conexões. Seu cérebro está sempre aprendendo, esteja você estudando matemática ou olhando para o céu, porque essas conexões estão sempre sendo feitas. A diferença é "como" você aprende. E aprender é uma questão de prática e de repetição. Com o tempo você vai reconhecendo padrões e aplicando esses padrões a outras e outras situações.
Na próxima aula de matemática, tente pensar que estudar qualquer matéria é estudar os arquétipos, padrões básicos, que você vai reconhecer uma vez e depois outra e mais outra... Então tente perceber esses padrões sempre, em todas as disciplinas. Qual é o padrão e não quais são os fatos é a pergunta correta. Responder a essa pergunta vai fazer você aprender de um jeito muito mais fácil.

Lição 8. Como manter-se saudável
De um ponto de vista muito prático, manter a saúde envolve dois componentes: minimizar sua exposição à doenças e a toxinas e preservar seu corpo físico. Simples não é? No entanto, muitas vezes a gente acaba esquecendo que isso é, além de uma lição um direito. Voê nunca deveria ter que se justificar ou se explicar por tentar proteger sua saúde e sua vida. É seu direito absoluto fazer isso. Nenhuma consequência vale você abrir mão desse direito.

Lição 9. Como valorizar a si mesmo
É talvez um pouco cínico dizer isso, mas a sociedade é uma gigantesca conspiração para fazer você se sentir mal a respeito de si mesmo. A propaganda faz você se sentir mal para fazê-lo comprar coisas das quais não precisa, os políticos fazem você se sentir incapaz para fazê-lo imaginar que depende deles para salvá-lo, mesmo seus amigos podem fazê-lo duvidar de si mesmo, ainda que inconscientemente, para ganhar alguma vantagem.
Você pode ter todos os recursos e o conhecimento do mundo, mas nada vai adiantar se você não se sentir empodeirado (empowered) para usá-los. É como ter uma Ferrari sem ter carta de motorista para dirigi-la!
Valorizar a si mesmo é sentir que você é bom o bastante para ter uma opinião, uma voz e que suas contribuições são importantes. É sua habilidade de ser independente e de não precisar de outra pessoa ou de uma instituição para sentir-se bem, autônomo e capaz de tomar as decisões necessárias para viver sua própria vida, do seu jeito.

Lição 10. Como dar sentido para a vida
Viver uma vida cheia de significado é, na verdade, uma combinação de várias coisas. Depende, é claro, de sua dedicação a um propósito ou a um objetivo. Mas também depende de sua capacidade de apreciar o "aqui e agora". E, finalmente, depende de você se dar conta de que seu lugar no mundo, seu significado, é alguma coisa que você mesmo precisa contruir.

Sabem, isso é mesmo só um resumo...

quinta-feira, 25 de dezembro de 2008

Professor é condenado por matar aluno que não fez o dever de casa


Professor é condenado por matar aluno que não fez o dever de casa
Julgamento foi realizado em Alexandria, no Egito.Professor é condenado por matar aluno que não fez o dever de casa
Julgamento foi realizado em Alexandria, no Egito.
Professor de matemática pegou 6 anos por matar aluno de 11 anos.

Da Reuters

O professor de matemática Haitham Nabeel Abdelhamid, de 23 anos, escuta a sentença durante julgamento realizado em corte de Alexandria, no Egito. Ele foi condenado a 6 anos de prisão nesta quinta-feira (25) por espancar até a morte em um aluno de 11 anos, Islam Badr Ibrahim, que não havia feito o dever de casa. Na ocasião, além de palmadas com régua, Abdelhamid deu pancadas violentas no estômago do estudante. Na foto ao lado, a mãe do garoto chora após ouvir o veredicto (Fotos: Asmaa Waguih/Reuters)
Professor de matemática pegou 6 anos por matar aluno de 11 anos.

Talebã ameça explodir escolas que aceitem meninas no Paquistão


Da BBC Brasil - 25/12/2008 15:26
Talebã ameça explodir escolas que aceitem meninas no Paquistão
Ameaça foi transmitida por um radio pirata no vale do Swat, no noroeste do país.

Militantes do Talebã no vale do Swat, ao noroeste do Paquistão, ameaçaram matar meninas que freqüentarem as escolas da região.

A ameaça foi feita por um comandante local do grupo e transmitida por uma rádio pirata.

Os militantes deram um prazo até o dia 15 de janeiro para que os pais parem de mandar suas filhas à escola e disseram que o grupo irá explodir colégios que matricularem meninas.

As escolas para meninas já foram alvos de ataques diversas vezes. No entanto, essa é a primeira vez que o Talebã proíbe que as estudantes freqüentem as aulas.

Um porta-voz do grupo disse que a proibição permanecerá em vigor até que os princípios da sharia - conjunto de leis islâmica - sejam adotados por completo na região.

Educação

Neste ano, mais de 130 escolas públicas foram queimadas apenas no vale do Swat, deixando mais de 70 mil estudantes sem educação.

Essas escolas não são instituições religiosas islâmicas e ensinam disciplinas a partir do currículo sugerido pelo governo paquistanês. Por isso, são consideradas pelos insurgentes como símbolos do governo.

No comunicado transmitido no vale do Swat, o Talebã declarou que, além das escolas do Estado, as particulares também serão destruídas se matricularem estudantes meninas.

Moradores da região afirmam que os ataques nos colégios prejudicaram de maneira significativa a educação de jovens de ambos os sexos na região.

Aqueles que têm condições financeiras para deixar a localidade, se mudaram para outras regiões, mas a maioria pobre não tem outra opção senão manter suas filhas em casa.

terça-feira, 16 de dezembro de 2008


Caso 4
Um aluno do professor *Marcos briga com outro colega, na escola do bairro Dom Silvério, região Nordeste de Belo Horizonte. A vingança é enfiar uma chave de fenda na cabeça do outro, sem dó. Por sorte, o colega não morreu, mas ficou com o lado esquerdo do corpo todo paralisado. O mesmo professor vai, então, para a segunda escola, em Contagem, onde também dá aulas. Para acabar com a tensão, ele propõe uma atividade no pátio. De repente, um aluno que não era da turma atirou um pedaço de pau nas costas do professor. De tão abalado, Marcos pede para ser transferido.

Bolinhas de Papel


Caso 3
A professora *Mara dá aulas para crianças de 10 anos, no bairro Nazaré, região Nordeste de Belo Horizonte . Ela tem 26 anos de magistério na rede municipal de ensino. Dois alunos começam a incomodar os colegas assobiando, depois cantando e por fim, batendo nos outros. Após vários pedidos da professora, que altera a voz e faz um sermão gritado, os dois alunos, numa atitude de deboche e sem qualquer respeito também gritam com a professora: "Cala a boca professora, você já está na hora de morrer. A gente num vai ficar quieto não. Nós queremos é zona mesmo". Continuam cantando e incomodando os colegas e, inclusive, jogando bolas de papel na professora. Detalhe: as bolinhas de papel foram tiradas do caderno doado pela escola, pois os alunos não têm dinheiro para comprar material escolar . O caderno tem pouquíssimas anotações, porque alegam que não têm nenhuma vontade de escrever.

segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

BURNOUT2


Caso 2
A aula começa às 7h. Dez minutos antes, entra na escola uma mãe com o filho todo roxo e esfolado. Ela reclama que uma turma de meninos "pegou o filho dela depois da aula e deu uma surra". A coordenadora chama os alunos citados para ver o que, de fato, aconteceu. No início, tentam negar, depois jogam a culpa para cima do garoto que apanhou. Por fim, a confissão quando um dos colegas da sala diz que existe até uma lista de nomes de quem vai apanhar e bater. A professora *Tânia, entretanto, não pode fazer nada. O máximo é chamar os pais, que nunca comparecem à escola - e delegam à professora a função de educar. Façam o que vocês quiserem, pois ele não obedece mesmo e eu já não estou mais agüentando .

BURNOUT


Professores
(Déa Januzzi, Sandra Kiefer e Telma Gomes)
Suzana, Tânia, Mara e Marcos são professores da rede pública de ensino e estão sofrendo de uma dor profunda, praticamente incurável: a Síndrome de Burnout atinge 25% da categoria ou um a cada quatro professores. É o que revela a pesquisa realizada pelo Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE), apresentada, no ano passado, no Congresso de Pedagogia de Cuba, com repercussões internacionais. Descoberta no Brasil, a Síndrome de Burnout é recente e está transformando a vida dos professores. Apáticos, desiludidos, frustrados profissionalmente, os professores estão doentes. Burnout não é estresse, depressão ou angústia. Em português quer dizer perder o fogo, a energia . É uma síndrome que faz o trabalhador perder o sentido de sua relação com o trabalho, de forma que nada mais importa e qualquer esforço parece inútil , explicam os pesquisadores.
No dia-a-dia , os professores enfrentam o dilema de poder oferecer o melhor ao seu aluno, mas muitas vezes se deparam com tantas dificuldades que desenvolvem a Síndrome de Burnout, uma espécie de ausência que pode levar à falência da Educação. Eles se transformam em robôs. Entram para a sala de aula, viram para o quadro e não se importam com o que está acontecendo à sua volta , diz Marcos Maiolino, assessor da CNTE. A postura de distanciamento, segundo ele, é grave, pois a atividade educacional pressupõe envolvimento. Se o professor está ausente, alguma coisa anda errada com a educação .
Outros trabalhadores podem apresentar estresse, mas quando voltam para casa esquecem o problema. Já o professor não só leva os exercícios para casa, mas também os problemas, as dificuldades de cada aluno, pensa naquele que se envolve com drogas, que está se iniciando no mundo do crime ou no outro que não aprende, pois o pai abandonou a casa. Tem o aluno que não pode comprar material escolar ou que sofre a violência doméstica, abuso sexual. Tem o outro que briga na rua. O professor quer mudar a vida do seu aluno, está comprometido com o seu futuro, com a esperança de uma vida melhor. Muitas vezes, ele leva o aluno para casa .
O magistério é encarado pelo professor como uma missão, que pode levar à Síndrome de Burnout, se não for cumprida: Eu me sinto impotente ao lidar com os alunos, pois é algo semelhante a remar contra a maré. Às vezes é possível observar algum esforço da parte deles, mas não há retorno, pois as deficiências de aprendizagem e as barreiras são muito grandes. No total de alunos, metade é totalmente apática. Os outros 50% até se esforçam, mas não possuem base, não absorvem. Não vejo resultado em meu trabalho, sendo que os alunos da noite conseguem ser ainda piores. Estou sendo muito sincera, não consigo encontrar nenhum tipo de satisfação no magistério. Se existir ainda alguma coisa é desprezível. Trabalho apenas por obrigação. Ao sair para o trabalho, o que me move é apenas o sentimento de obrigação. É como o gado que sai para pastar e depois volta para casa , conta uma vítima de Burnout.
A professora *Suzana está com medo de escrever as lições no quadro, treme só de pensar em virar de costas para a turma, pois sabe que um de seus alunos tem um revólver escondido dentro da mochila. Na escola da Nova Granada, região Oeste da cidade, a professora é ameaçada de morte todo dia, mas nem pensa em desistir pois gosta demais da turma. Conhece o nome e o sobrenome de cada um. E, nos últimos dias, anda muito feliz, pois conquistou a confiança do aluno mais temido da escola. Agora, ele entrega à professora o cigarro de maconha antes de entrar na sala de aula. Para garantir as conquistas, a professora dá o telefone de sua casa. Um dia, porém, alguém liga para dar a pior notícia que ele poderia receber: o aluno acabara de ser morto por traficantes. O mundo vem abaixo. Dois meses de licença e a dor não vai embora, até que ela pede transferência da escola, porque tem medo de que não consiga mais manter a mesma qualidade do ensino.

sábado, 13 de dezembro de 2008

Diretor executado por barrar tráfico



Adriana Bernardes - Correio Braziliense

Brasília – “Particularmente vivi e tenho vivido um drama muito grande. Além de Brasília ter perdido um educador, eu perdi um companheiro, uma pessoa extremamente amada, um pai de família, uma pessoa muito querida. Essa lacuna ninguém, absolutamente ninguém, vai preencher."

O lamento é da servidora pública federal Rita de Cássia Pereira, de 43 anos, mãe de Otávio Augusto, de 8, e João Vitor, de 12 e, que, da noite para o dia, se viu obrigada a viver o luto pela perda do marido. Ele, Carlos Ramos Mota, de 44, pai também de Daniela, de 24, era diretor respeitado no Centro de Ensino Fundamental Lago Oeste, a 28 quilômetros de Brasília. Foi morto por um aluno, dois ex-alunos da instituição e um traficante, por não permitir que atividade criminosa adentrasse o colégio.

Na madrugada de 20 de junho, os assassinos foram até a casa do diretor. Atraíram-no para o lado de fora e o executaram a tiros. A violência nas escolas públicas do Distrito Federal parece não ter limites. Vinte e um dias antes, o professor de história Valério Mariano, de 41, escapou por pouco de ser morto a socos e pontapés por um ex-aluno da escola onde leciona, no Centro de Ensino Fundamental 4, em Ceilândia, a 26 quilômetros da capital da República. Ele tentou impedir que o jovem invadisse o colégio.

A gravidade dos ferimentos o afastou da sala de aula até o fim do mês, quando passará por nova perícia. Mas as marcas da violência impregnaram de tal maneira a sua alma que ele não pretende voltar a ensinar. "O sentimento é de descrença absoluta. O profissional de educação está desacreditado. O nosso público, em sua grande maioria, simplesmente não quer estudar. Não tenho a menor vontade de voltar a lecionar", contou em tom de profunda melancolia.

As agressões relatadas são o ápice de conflitos quase diários. Desentendimentos entre mestres e alunos nos colégios públicos do DF se transformaram em 70 ocorrências policiais no período de 2006 a 4 de junho deste ano. Casos de ameaça são os mais comuns: houve 36. Mas educadores e estudantes também partem para agressões físicas. Brigas e lesões corporais alcançam 13 registros.

Nota baixa, ameaça e socosPedro Rocha Franco - Estado de Minas

“Vagabunda, prostituta... você comprou o diploma!” Em tom de ameaça, esses e outros xingamentos foram dirigidos por uma estudante de 17 anos à professora Valéria (nome fictício), na Escola Estadual Maria Amélia Guimarães, no Bairro Pirajá, Região Norte de BH. O motivo era banal: a jovem ficou em dependência em ciências, na 6ª série do curso de Educação para Jovens e Adultos (EJA). Conhecedora da situação de risco da região e com medo de as palavras se transformarem em agressões, a educadora registrou boletim de ocorrência na Polícia Militar e pediu providências imediatas à direção da instituição, além de se negar a voltar a dar aulas para a aluna.

A solicitação de afastar a estudante da disciplina ministrada pela professora foi aceita pela direção e a aluna passou a fazer trabalhos e provas em sala separada dos colegas. Até mesmo as correções eram feitas pelo conselho de professores. Depois de meses das agressões verbais, já na 7ª série – o EJA garante a possibilidade de cursar cada série em seis meses no ensino noturno –, a aluna teve nova nota baixa em uma prova de ciências e não hesitou: decidiu tirar satisfações com a educadora.

Antes mesmo de falar qualquer coisa, a estudante a esmurrou no olho, apesar de Valéria não ter nenhuma relação com a pontuação. A professora foi à delegacia para registrar nova ocorrência e pedir proteção policial. Desta vez, com uma diferença: a aluna tinha completado 18 anos e podia responder criminalmente por lesões corporais. Dois meses depois, o juiz convocou as envolvidas para a audiência. “Primeiro, ela insinuou que eu a tinha agredido, mas depois a decisão foi pela conciliação e o arquivamento temporário do processo. Se ela voltar a me atacar nos próximos seis meses, posso pedir a reabertura”, afirma.

Por causa da agressão, a professora está afastada das salas de aula por um mês, enquanto a aluna segue freqüentando a escola. “É complicado, porque parte dos alunos tem vontade de aprender e esses acabam prejudicados. Nossa auto-estima vai lá embaixo e a vontade de ensinar, aos poucos, acaba.”

TENSÃO

Diante de fatos como esse, a socióloga Miriam Abramovay, doutora em ciência da educação pela Universidade René Descartes, na França, e autora de diversas publicações relacionadas ao tema violência nas escolas para a Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (Unesco) e para o Ministério da Educação (MEC), observa que a instituição de ensino deixou de ser um local de paz para se transformar em um lugar de tensão permanente. “A escola é muito complexa, composta por atores sociais diversos. A grande questão é saber controlar a ‘panela de pressão’ e não deixar ações corriqueiras, como chamar atenção e tirar média de aluno, ganharem outra dimensão”, afirma.

O posicionamento do colégio, muitas vezes nas proximidades das áreas tidas como de risco social, também é visto como responsável por “contaminar”, de fora para dentro, tirando a tranqüilidade do espaço. “Principalmente, a rede pública é composta por diversidades econômicas e raciais e é preciso um saber respeitar o outro. O que é muito complicado, pois lidar com esquemas democráticos não é nada fácil e a conseqüência é para o aprendizado, dificultado pelo clima tenso”, afirma.

A especialista propõe a criação de políticas públicas e o mapeamento detalhado das relações sociais na esfera da educação, como é feito com o desempenho escolar. “Devem haver maneiras para melhor compreender o público atendido. Os jovens passam boa parte do dia na escola, que acaba responsável por sociabilizá-los, além de ensiná-los. Não se trata apenas de ir, aprender e voltar para casa. Os educadores acabam sobrecarregados. É louvável o empenho de alguns em criar programas, mas não bastam pontos isolados. É preciso somar as propostas e construir um plano mais amplo, com projetos de mediação, formação de professores e a criação de um portal para discussão entre os envolvidos”, conclui.

Maratona de desrespeito
Professora relata como o vandalismo e as agressões em todas as escolas públicas por que passou a tiraram da frente do quadro e a esconderam atrás de pilhas de papel
Pedro Rocha Franco - Estado de Minas

Paulo Filgueiras/EM/D.A Press

Sob tratamento médico, Josemary se recorda da sucessão de episódios tristes e segue a recomendação de evitar aglomerações de estudantes
Em meados do próximo mês, completa-se um ano e meio que a professora Josemary Hespanha Almeida, de 51 anos, se distanciou das salas de aula e, para não pedir exoneração do cargo público, se mantém na função de auxiliar administrativo na secretaria da Escola Municipal Dinorah Magalhães Fabri, na Vila Cemig, no Barreiro, em Belo Horizonte. Escondida em meio a papéis e documentos, ela se mantém longe dos estudantes desde que, em maio do ano passado, um psiquiatra a diagnosticou como portadora de depressão, com aumento gradativo da pressão arterial. Desde então, ela faz tratamento com um antidepressivo e um tranqüilizante para controle da fobia social e das crises de pânico, além de se consultar uma vez por semana com um psicólogo.

Antes da primeira consulta com o psiquiatra, diversos fatores já indicavam o quadro depressivo, como a constante vontade de chorar, dores na cabeça e no peito e, principalmente, o desânimo com relação à profissão. Até o dia em que a filha, Carolina, de 30, enfermeira, mediu sua pressão e constatou que estava acima do normal. “Saía de casa sem vontade, cabisbaixa. Sabia o que me esperava”, conta. Mesmo sob medicação, a fobia dá sinais na presença de aglomerações de alunos, como na entrada e saída do colégio. “Frente a frente sinto enjôo, taquicardia e suor excessivo”, afirma. Para evitar os sintomas, na última consulta foi-lhe sugerido entrar e sair antes dos estudantes e restringir ao máximo o contato.

Até chegar ao delicado quadro, Josemary foi submetida a uma maratona de atos violentos. Em cada uma das escolas por que passou na Região Metropolitana de Belo Horizonte, ela se recorda de pelo menos um incidente, mas, na maioria delas, a lista é extensa e envolve não apenas ela, mas também outros colegas de profissão. Na Escola Municipal Lucas Monteiro Machado, na Vila Pinho, no Bairro Vale do Jatobá, no Barreiro, um adolescente, de 19 anos, ajoelhou-se e implorou para que professora pagasse uma dívida dele com traficantes locais, pois, eles o esperavam na saída do colégio para o acerto de contas. Sem dinheiro, ele seria executado. “Não tinha o dinheiro na hora. Reuni os professores para juntar R$ 35. Se não o fizesse, teria de suportar o peso na consciência de vê-lo morrer”, conta.

Nessa escola, ela se acostumou a um ruído antes desconhecido: o de tiros. Não raramente, o bangue-bangue do lado de fora espalhava pânico na unidade. “Muitas vezes, ligavam para a escola avisando sobre possíveis tiroteios, sempre relacionados ao tráfico. As aulas eram imediatamente suspensas, os alunos, liberados e os professores corriam para casa”, recorda.

O sonho de ser professora acompanha Josemary desde a infância, quando brincava de escolinha e sempre assumia a frente do quadro. A diversão transformou-se em realidade e, aos 36 anos, ela se graduou em biologia. Desde a primeira vez que entrou em uma escola para lecionar, em 1993, as cenas de agressão e vandalismo se tornaram rotineiras. Na Escola Municipal Maria de Lourdes de Oliveira, no Bairro Jardim Teresópolis, em Betim, apesar de ter chegado em um mês de abril, era a quinta a ocupar a vaga naquele ano. “Ninguém agüentava”, conta. Com ela não foi diferente: foram sete meses até a saída.

“Durante a aula, um aluno começou a me ‘cantar’ e a falar expressões de baixo calão na frente de todos. Não agüentei. Dei três passos, pensei, me virei e disse que exigia respeito. Ele foi suspenso por uma semana e me ameaçou de morte. Ao voltar, não fazia mais nada, apenas me observava por baixo do capuz do moletom. Fui avisada pela supervisora de que ele era menor e estava sob custódia, pois já tinha matado uma pessoa. A pressão foi grande ao saber e decidi pedir para sair”, afirma, lembrando-se de mais um dos episódios que transformaram seu antigo sonho em um pesadelo.

COMBATE

Na rede municipal de ensino de Belo Horizonte, a Secretaria de Educação tem programado três ações estratégicas para reduzir o número de casos de violência. A primeira é o conjunto de ações do programa Rede pela paz nas escolas, com projetos de aproximação entre a comunidade e as unidades de ensino. Além disso, informa, há presença de vigilantes e porteiros em todas as escolas e a maioria conta com a presença da Guarda Municipal. Segundo o coordenador de Projetos Especiais de Educação da secretaria, Ismair Sérgio Cláudio, há casos que são comunicadas agressões, mas não em grande quantidade. Segundo estatísticas da secretaria, foram anotados 403 casos de ameaças a professores entre janeiro de 2004 e junho de 2008.

Diretor executado por barrar tráfico
Adriana Bernardes - Correio Braziliense

Brasília – “Particularmente vivi e tenho vivido um drama muito grande. Além de Brasília ter perdido um educador, eu perdi um companheiro, uma pessoa extremamente amada, um pai de família, uma pessoa muito querida. Essa lacuna ninguém, absolutamente ninguém, vai preencher."

O lamento é da servidora pública federal Rita de Cássia Pereira, de 43 anos, mãe de Otávio Augusto, de 8, e João Vitor, de 12 e, que, da noite para o dia, se viu obrigada a viver o luto pela perda do marido. Ele, Carlos Ramos Mota, de 44, pai também de Daniela, de 24, era diretor respeitado no Centro de Ensino Fundamental Lago Oeste, a 28 quilômetros de Brasília. Foi morto por um aluno, dois ex-alunos da instituição e um traficante, por não permitir que atividade criminosa adentrasse o colégio.

Na madrugada de 20 de junho, os assassinos foram até a casa do diretor. Atraíram-no para o lado de fora e o executaram a tiros. A violência nas escolas públicas do Distrito Federal parece não ter limites. Vinte e um dias antes, o professor de história Valério Mariano, de 41, escapou por pouco de ser morto a socos e pontapés por um ex-aluno da escola onde leciona, no Centro de Ensino Fundamental 4, em Ceilândia, a 26 quilômetros da capital da República. Ele tentou impedir que o jovem invadisse o colégio.

A gravidade dos ferimentos o afastou da sala de aula até o fim do mês, quando passará por nova perícia. Mas as marcas da violência impregnaram de tal maneira a sua alma que ele não pretende voltar a ensinar. "O sentimento é de descrença absoluta. O profissional de educação está desacreditado. O nosso público, em sua grande maioria, simplesmente não quer estudar. Não tenho a menor vontade de voltar a lecionar", contou em tom de profunda melancolia.

As agressões relatadas são o ápice de conflitos quase diários. Desentendimentos entre mestres e alunos nos colégios públicos do DF se transformaram em 70 ocorrências policiais no período de 2006 a 4 de junho deste ano. Casos de ameaça são os mais comuns: houve 36. Mas educadores e estudantes também partem para agressões físicas. Brigas e lesões corporais alcançam 13 registros.

Violência ameaça aulas na rede pública
Pedro Rocha Franco - Estado de Minas

Renato Weil/EM/D.A. Press


A sala de aula não é mais o lugar da professora Josemary Hespanha Almeida, de 51 anos. Por causa da rotina de agressões durante os 14 anos em que lecionou na rede pública, o contato com grupos de adolescentes lhe causa fobia, suor e tremedeiras. Em vez de ensinar ciências, como sonhava desde as brincadeiras de criança, ela se limita a tarefas burocráticas no setor administrativo de uma escola da rede municipal de Belo Horizonte. Para controlar o quadro depressivo, se apóia em caixas de medicamentos controlados. A simples possibilidade de retornar à carreira a angustia.

São histórias como a dela que se escondem atrás dos números a que o Estado de Minas teve acesso, e que compõem banco de dados inédito do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) – autarquia ligada ao Ministério da Educação (MEC) – com informações referentes aos ensinos fundamental e médio. Na série Violência diz presente, apresentada nesta Semana da Educação, percorremos quatro estados (Minas Gerais, Pernambuco, Rio de Janeiro e Paraíba) e o Distrito Federal para revelar indicadores e histórias que apontam para o barril de pólvora em unidades do ensino público das cinco regiões do Brasil.

O levantamento mostra que situações como a enfrentada pela professora Josemary se repetem diariamente por todo o país. De acordo com questionário do Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica (Saeb), respondido por 11.467 professores da rede pública de ensino, 37,64% dos educadores sofreram alguma forma de violência nas dependências da escola no último ano (veja arte). Uma escalada que vai desde agressões verbais até atentados contra a vida ou alunos assistindo a aulas portando armas de fogo é o que compõe a delicada condição do professor, muitas vezes transformado de autoridade em refém de crianças e adolescentes.

O medo de as ameaças se concretizarem, devido à ligação de muitos alunos com o tráfico de drogas, inibe os professores de prestar queixa policial ou mesmo encaminhar reclamações às secretarias de educação, o que leva à suspeita de que os dados referentes à violência escolar, embora aterradores, são subestimados. Isso torna ainda mais sombrio um quadro em que estudantes agem sem respeitar limites, extrapolando a linha que separa a mera indisciplina do campo da delinqüência.

Nova consulta ao banco de dados do MEC mostra que, questionados se estão satisfeitos em serem professores, 83,25% desses profissionais não hesitam em responder “não”, o que dá uma dimensão de o quanto a educação vem sendo tratada na condição de política pública. A conseqüência direta da soma de desânimo para lecionar, baixos salários, desvalorização profissional e condições precárias de ensino: um país promissor, mas atolado em analfabetismo e no desempenho estudantil aquém do esperado em índices educacionais mundiais.

Mais problema

Por região, em números absolutos, o Nordeste lidera disparado a triste disputa de violência contra professores da rede pública em todas as 10 categorias. Em seguida, o Sudeste: segundo colocado em sete questões, tendo o Norte ocupado a posição nos outros três quesitos – profissionais vítimas de roubo (com uso de violência), alunos freqüentando aulas sob efeito de bebida alcoólica e estudantes portando armas brancas (facas, canivetes etc).

As regiões com menos ocorrências de violência são o Sul e o Centro-Oeste. Entre as possíveis explicações para o dado estão a alta taxa de alfabetização e o maior Índice de Desenvolvimento Humano e Social (IDHS) nos estados sulistas – Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná – e o fato de ser a Região Centro-Oeste (Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás e Distrito Federal) a menos povoada do país, com 12 milhões de habitantes.

Professora é assassinada dentro de escola no PR

RICARDO VALOTA - Agencia Estado

SÃO PAULO - A professora Silvia Regina da Silva, de 42 anos, foi morta a tiros ontem no pátio da Escola Municipal Antonio Prado, em Almirante Tamandaré (PR), região metropolitana de Curitiba. Segundo testemunhas, a professora foi surpreendida por um rapaz, de capacete, que chamou pelo nome dela. Ao se identificar, Silvia foi atingida por pelo menos sete disparos à queima-roupa, morrendo no local ao lado de alunos, crianças de 9 e 10 anos de idade.
Outro motoqueiro estaria esperando pelo assassino na porta da escola, que foi invadida pelo criminoso com facilidade. Segundo o Instituto de Criminalística (IC), não foram encontradas cápsulas no local do crime, o que indica que o assassino estava armado com um revólver. Após o assassinato, a diretora da escola e os vizinhos avisaram os pais dos alunos, que retiraram as crianças do local. As aulas foram suspensas.
Uma das três filhas de Silvia disse à polícia que a mãe aparentemente não vinha sofrendo ameaças e que na sua rotina, além da escola, costumava freqüentar a igreja. Ainda segundo o depoimento, Silvia se separou havia três anos, mas que há apenas um mês teria saído da casa do marido após comprar um imóvel, onde morava com as filhas. O inquérito que apura o homicídio é presidido pelo delegado Carlos Mastronardi.

domingo, 7 de dezembro de 2008


Escola pagará indenização para aluno

A família de uma criança que foi agredida por outra dentro de uma escola infantil de Lagoa Santa (Região Metropolitana de Belo Horizonte) receberá da instituição de ensino uma indenização de R$ 2 mil. A decisão é do juiz da 2ª Vara de Lagoa Santa, José Geraldo Miranda de Andrade, que foi confirmada, em grau de recurso, pela 17ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG).

Em 9 de maio de 2006, a criança, então com um ano e um mês, foi socorrida com sinais de mordidas, apresentando as orelhas e bochecha roxas e inchadas, além de galos na cabeça, depois de ser agredida por outra criança, também matriculada na escola.

DANOS MORAIS

A mãe da criança entrou com uma ação na Justiça pedindo indenização por danos morais. O juiz José Geraldo condenou a escola ao pagamento de R$ 2 mil. Tanto a mãe quanto a instituição de ensino recorreram ao Tribunal de Justiça. A escola alegou que não foi demonstrada sua omissão ou culpa, uma vez que a agressão entre alunos tem natureza súbita e imprevisível. Já a mãe da criança pediu que o valor da indenização fosse ampliado.

O relator do recurso, desembargador Irmar Ferreira Campos, ressaltou que “compete à escola o dever de guarda pelos alunos, devendo zelar pela incolumidade física e mental destes”. Como a agressão ocorreu dentro do estabelecimento de ensino, o relator entendeu que não há dúvida acerca da falha no monitoramento das crianças e, conseqüentemente, a culpa da escola pelos danos causados. Quanto ao valor da indenização, o relator considerou razoável a quantia de R$ 2 mil, fixada pelo juiz de primeiro grau, uma vez que “mostra-se capaz de amenizar a dor moral sofrida”, e leva em conta também que o capital social da escola é “módico”.

terça-feira, 18 de novembro de 2008


Aluno é esfaqueado dentro de colégio em Cascavel-PR
Agência Estado


O estudante Tiago Teixeira de Souza foi esfaqueado nesta terça no Colégio Estadual Jardim Interlagos, na zona norte de Cascavel, no Paraná. De acordo com a polícia, a confusão ocorreu antes do início das aulas do período da tarde. Um grupo de adolescentes teria pulado o muro da escola e partiu em direção a Souza, matriculado na 6ª série, que estava no pátio conversando com colegas. Ele levou duas facadas, uma na mão e outra nas costas. O aluno está sob observação médica.

O fato causou pânico no colégio. A vítima, de 14 anos, foi levada para o Hospital Nossa Senhora da Salete, centro da cidade. De acordo com o hospital, os ferimentos não atingiram nenhum órgão interno, e não há necessidade de cirurgia. O caso está sendo investigado pela polícia. "Já temos a indicação do autor do crime, mas ainda não temos o motivo da agressão", afirmou Márcia Bilibio, responsável pela Patrulha Escolar na cidade.

A diretora do Colégio Interlagos, Janete Gonçalves, disse que são comuns pessoas de fora invadirem o prédio para brigar com os alunos. "A estrutura física do colégio é precária e isso facilita a ação dessas pessoas", afirmou a diretora, que suspendeu as aulas para os alunos da tarde.

sexta-feira, 14 de novembro de 2008

Trabalho mais que dignificante


PROFESSOR
Trabalho mais que dignificante
“O professor é condenado a dar aula. O professor segue
o calvário carregando umapasta cheia de livros e
apostilas. O professor cai diante da insubordinação e
ignorância dos alunos. O professor encontra sua mãe
que lhe diz: ‘Meu filho,mude de profissão’.
Oprofessor cansado procura um assistente. A secretária
enxuga a face suada do professor. O professor cai
pela segunda vez quando abre o contracheque.
O professor consola os alunos caídos em recuperação e
dependência dizendo: ‘Ó queridos, não chorem, no
final dá-se um jeitinho para tudo O ciclo tá aí’!
O professor é despido de sua dignidade quando
superlotam as salas de aula e o sistema sugere novas
técnicas para motivar o aluno: novos currículos,
novos tempos e novos espaços... O professor é
crucificado quando faz greve para reivindicar seus
direitos. Olha lá, eles querem mais aumento.
O professor ‘morre’ na sala de aula, pois não tem mais
condicoes de saude ,férias-prêmio e ‘outros
penduricalhos’. O professor é descido da cruz e
pisoteado pelo sistema. Os alunos o aconselham a pedir
aposentadoria. O professor espera de umas aulinhas
extras para completar o salário. O destino da
humanidade repousa sobre um novo tipo de educação:
já não se trata de armazenar conhecimentos,
nem sequer de aprender, mas de aprender a mudar.

quinta-feira, 13 de novembro de 2008

Mãe pede perdão por filho


CIÚME
Mãe pede perdão por filho

A diretora da escola, Elaine Botelho, atribui à falta da família na escola o motivo de tanta violência. “Eu conversava com o professor e peguei os dois alunos tentando ir embora, mas ninguém sai da escola sem autorização. Pedi a eles que fossem para a sala de aula, mas o aluno o derrubou no chão. Tentei contornar a situação, mas não consegui. O jeito foi chamar a polícia”, disse Elaine, que tem 25 anos de magistério e não pretende desistir da carreira. “Acredito que somente através da educação é que nós vamos conseguir transformar esses jovens. O que falta é a família participar mais da escola”, acrescentou a professora.

A mãe do garoto agressor, segundo a diretora, já esteve outras vezes no colégio, pois o namoro do adolescente já criou vários outros problemas. “O casal briga e ele fica transtornado. Telefonei para o pai da garota e ele diz que é melhor chorar hoje do que chorar depois. A menina mora com a avó, com quem tenho mais ligação, e estou muito preocupada. Esse menino tem algum transtorno e pode fazer uma loucura. Os pais sabem de tudo, mas não tomam providências”, disse a diretora, que não vai expulsar os alunos. “Pretendo resgatá-los. Vou conversar com a Secretaria de Estado de Educação, pois acho que todo ser humano merece uma chance”.

Para a diretora, os pais não sabem impor limites aos filhos. “Eles dão tudo, mas não sabem dominá-los. E nós, professores, não damos mais conta de educá-los e ensinar todos os princípios se a família não está presente”, desabafou Elaine, que este ano já promoveu seis reuniões de pais e mantém uma ficha de acompanhamento de cada aluno. “Cumpro o meu papel de educadora, mas não posso resolver o problema do mundo sozinha”, disse.

O delegado Felipe Falles autuou o adolescente por lesão corporal e ameaça, encaminhando-o para o Juizado da Infância e da Juventude. O professor foi encaminhado ao Instituto Médico Legal (IML) para exame de corpo de delito. “Os casos de violência contra professores têm sido freqüentes. Pelo menos dois casos de agressão chegam à delegacia toda semana, cada vez com lesões mais sérias”, disse o delegado. “Os pais estão levando seus filhos para a escola e deixando com o professor a responsabilidade de educá-los”, disse o policial.

De acordo com a assessora da superintendência regional de ensino metropolitana A, da Secretaria de Estado de Educação, Maria Adelaide Bergo Barros, o aluno será advertido pela escola. Segundo ela, não há estatística de agressões de alunos contra professores na rede estadual de ensino, pois geralmente são ameaças verbais, que são resolvidas na escola. (PF)

DENÚNCIA HÁ UM MÊS

Em outubro, o Estado de Minas mostrou, em série de reportagens, casos de violência contra profissionais da educação em escolas de Belo Horizonte, região metropolitana e de outros estados. Foram relatos de falta de respeito em sala de aula, que começavam com alunos ‘cantando’ professores, falando expressões de baixo calão, intimidando-os e agredindo-os física e moralmente. Pesquisa do MEC revela que, de 11.467 professores entrevistados, 37,64% já tinham sofrido algum tipo de violência na escola e 83,25% não hesitaram em dizer que não estão satisfeitos em execer a profissão.

Jovens ameaçam diretora de escola

VIOLÊNCIA
Jovens ameaçam diretora de escola

Sidney Lopes/EM/D.A Press

Mesmo na delegacia, adolescentes continuaram a xingar professores
Depois de um aluno de 17 anos espancar o professor na segunda-feira, mais dois casos de polícia foram registrados ontem em escolas públicas de Belo Horizonte. Na Escola Estadual Israel Pinheiro, no Bairro Alto Vera Cruz, Região Leste, um aluno de 15 anos foi flagrado com um revólver calibre 32 na mochila. Na Escola Estadual Orôncio Murgel Dutra, no Bairro São Tomás, Região Norte, a vice-diretora Regina Lúcia Fonseca Leite pediu socorro à Polícia Militar ao ser ameaçada por duas alunas de 15 anos.

Segundo a vice-diretora, as alunas não usavam uniforme e foram impedidas de entrar no prédio, mas se revoltaram. Além de xingá-la com palavrões, as adolescentes ameaçaram surrar Regina na saída da escola. Segundo a PM, as menores são suspeitas de prostituição e de tráfico de drogas nas imediações da escola, mas apenas uma delas confessou que mantém relações sexuais por dinheiro. Mesmo na Delegacia Especializada de Orientação e Proteção à Criança e ao Adolescente (Dopcad), para onde foram levadas, as estudantes continuaram ofendendo a vítima.

Na escola, segundo Regina, os professores já não suportam mais os desacatos e palavrões. “Os alunos querem entrar e sair a hora que querem, sem uniforme”, reclamou a vice-diretora, que teme uma agressão mais violenta. “Eu mando chamar as mães, mas quando elas aparecem estão alcoolizadas”, disse. Outros pais, segundo ela, também são chamados para conversar e já chegam querendo agredir os professores também.

Há três anos, a Escola Orôncio Murgel Dutra tem a proteção da Patrulha Escolar, que marca presença todos os dias no local para evitar brigas. “Por enquanto, ainda estou conseguido controlar um pouco a situação. Mas, se deixar, os alunos jogam até bombas. Eles não levam armas de fogo, mas carregam estilete”, disse Regina.

De acordo com o cabo Márcio Fernandes, da Patrulha Escolar do 13º Batalhão da PM, há informações de envolvimento das menores com a venda de crack e também estariam se prostituindo. “A situação está tão insustentável que as próprias mães delas não estão agüentando. A irmã de uma delas, que estudou na mesma escola, também criou problemas e hoje é moradora de rua e vende drogas. Infelizmente, são menores de idade e estão indo para um caminho trágico”, lamentou o cabo.

ARMA

Na manhã de ontem, o inspetor da Guarda Municipal Alisson Giovanni Rosa foi chamado pela diretora da Escola Israel Pinheiro, no Alto Vera Cruz, assustada com a denúncia de um aluno armado. “Abordamos o aluno e confirmamos a suspeita. O garoto já estava dentro da sala de aula, com o revólver escondido na mochila”, disse o inspetor. O garoto disse que trocou de mochila com um amigo, que não é aluno da escola, e encontrou a arma dentro. O menor foi levado para a Dopcad e depois encaminhado para o Juizado da Infância e da Juventude. (PF)

03/06/08

PM apreende adolescentes com arma de fogo dentro de escola
PM apreende adolescentes com arma de fogo dentro de escola
Fernanda Moura

Depois de uma denúncia anônima, a Polícia Militar apreendeu dois adolescente de 16 anos. De acordo com os militares, eles estavam com uma arma de fogo dentro de uma escola estadual no bairro Palmares, na região Nordeste da Capital. Além do revólver, foram apreendidos dois carregadores e munições. Os alunos foram levados para uma delegacia especializada de Belo Horizonte.

03/06/08

Criança de 4 anos aparece com pedras de crack em creche
Criança de 4 anos aparece com pedras de crack em creche Fernanda Moura

Uma criança de 4 anos foi surpreendida com pedras de crack em uma creche, em Montes Claros, no Norte de Minas. Segundo a PM, o menino disse que a droga era sabão e que ele havia encontrado em casa. Militares foram até a residência dele e descobriram mais droga e balança de precisão. Pai e mãe, grávida de 4 meses, foram presos. O menino levado a um conselho tutelar da cidade.

quarta-feira, 12 de novembro de 2008

violencia nas escolas


Aluno espanca professor
Adolescente de 17 anos é autuado por lesão corporal depois de agredir brutalmente profissional de ensino no pátio da Escola Estadual Pedro Américo, no Bairro Santa Tereza em Belohorizonte (Pedro Ferreira)

Fotos: Maria Tereza Correia/EM/D.A Press

Na delegacia, Alexandre de Freitas (D) conta como foi surrado pelo estudante J.A.C. (ao fundo)
O ciúme doentio de um aluno de 17 anos pela namorada, da mesma idade, levou o adolescente a espancar o seu professor de física, na manhã de ontem, na Escola Estadual Pedro Américo, no Bairro Santa Tereza, Região Leste de Belo Horizonte. O casal queria sair da escola a qualquer custo para namorar na rua e não teve permissão. O professor teria achado graça da situação e o aluno acreditou que ele estivesse sorrindo para a garota, agredindo-o mais tarde no pátio, com socos e pontapés. “Se eu reagisse, estaria completamente errado, porque ele é um menor e eu sou um professor”, disse Alexandre Lopes de Freitas, de 24 anos.

A insegurança dele é compartilhada por milhares de profissionais do ensino, em todo o país, segundo levantamento do Ministério da Educação. Questionário sobre violência em escolas aplicado a professores da rede pública, durante o Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica (Saeb), constatou que 18,8% dos profissionais em atuação na Região Sudeste já foram agredidos.

Por volta das 8h20 de ontem, o professor Alexandre conta que estava em outra sala de aula conversando com uma colega e a supervisora. O aluno acusado, J.A.C., que cursa o 2º ano do ensino médio, chegou com a namorada pedindo para serem liberados. “Eu ri da situação e o aluno achou que eu estivesse rindo para a namorada dele”, disse o professor.

Mais tarde, quando conversava com a diretora no pátio, o professor conta que foi atacado pelo adolescente, que tem um porte físico avantajado. “Ele já chegou me jogando contra a parede e eu sem saber o motivo. Ele dizia que eu estava dando bola para a namorada dele”, disse o professor, que disse não ter reagido e apanhou por cerca de cinco minutos, até ser salvo pelo vigilante. Alexandre foi designado para o cargo há uma semana, pois a escola em que o menor estuda não tinha ninguém para ministrar a disciplina. Ele sofreu lesões no braço direito e escoriações na barriga.

DESENCANTO

Assustado com a violência do aluno, o professor disse que pretende deixar a escola ou até mesmo abandonar a profissão, pois está desencantado. “Há uma total falta de respeito com os professores. Os alunos ficam com fone de ouvido em sala de aula, ouvindo música, conversando o tempo todo e falando palavrões com as meninas. Não adianta dizer que eles serão os principais prejudicados. Se eu reclamasse, eu já teria sido agredido há mais tempo”, lamentou Alexandre, enxugando as lágrimas. “Em toda a minha vida de estudante eu nunca desrespeitei um professor. Não tenho explicações para a fúria desse aluno”, disse.

O caso foi parar na Delegacia Especializada de Orientação e Proteção à Criança e ao Adolescente (Dopcad). A mãe do estudante, a dona-de-casa Míriam Assis, de 39, pediu perdão ao professor, dizendo ser contra qualquer tipo de violência. “Ele tem toda razão em estar desanimado com a profissão. Estou muito triste pela atitude do meu filho, mas eu já imaginava que isso fosse acontecer desde o início desse namoro conturbado. Ele tem um ciúme doentio da namorada e não deixa nem a moça respirar”, lamentou a mãe.

Em casa, segundo ela, o adolescente é calmo e gosta de música. “Mas, quando se trata de namoro, ele não saber dosar nada. Meu medo é que isso acabe em tragédia”, acrescentou a mãe, lembrando que o filho e a namorada saíram de escolas diferentes para estudar juntos.

O professor aceitou o pedido de perdão da dona-de-casa, mas lamentou a situação. “Esse garoto vai acabar trazendo mais desgosto para essa mãe. Ela não precisa me pedir desculpa, pois as marcas no meu corpo vão passar, mas o que ele ainda pode fazer com ela é motivo de pena”, disse Alexandre. O aluno, que presenciou a mãe pedindo perdão e ouviu a resposta do professor, desistiu de comentar a sua atitude.

sexta-feira, 17 de outubro de 2008

ATE ONDE VAI O CIUME?


A equipe médica que atende a jovem de 15 anos baleada após ser mantida refém por mais de 100 horas pelo ex-namorado em Santo André, no ABC, extraiu uma bala da virilha esquerda da menina. Ela foi atingida por dois disparos e está em estado gravíssimo, internada no Centro Hospitalar do município. Por volta das 20h20 desta sexta-feira (17), os médicos tentavam retirar a bala ainda alojada na cabeça da jovem.

A menina foi mantida refém pelo ex-namorado Lindemberg Alves, de 22 anos, dentro de um apartamento. Ele foi preso, sem ferimentos. De acordo com a diretora do hospital, Rosa Maria Pinto, a ex-namorada chegou gravemente ferida.

A cirurgia para retirada da bala da cabeça da adolescente deve durar duas horas e o procedimento começou por volta das 19h30 desta sexta. Segundo ela, em uma escala de 0 a 10 para o risco de morte da paciente, o caso da menina é classificado como 9. Ela foi atingida no alto da cabeça, no lado direito. A diretora afirmou que ela perdeu massa encefálica.