quinta-feira, 13 de novembro de 2008

Mãe pede perdão por filho


CIÚME
Mãe pede perdão por filho

A diretora da escola, Elaine Botelho, atribui à falta da família na escola o motivo de tanta violência. “Eu conversava com o professor e peguei os dois alunos tentando ir embora, mas ninguém sai da escola sem autorização. Pedi a eles que fossem para a sala de aula, mas o aluno o derrubou no chão. Tentei contornar a situação, mas não consegui. O jeito foi chamar a polícia”, disse Elaine, que tem 25 anos de magistério e não pretende desistir da carreira. “Acredito que somente através da educação é que nós vamos conseguir transformar esses jovens. O que falta é a família participar mais da escola”, acrescentou a professora.

A mãe do garoto agressor, segundo a diretora, já esteve outras vezes no colégio, pois o namoro do adolescente já criou vários outros problemas. “O casal briga e ele fica transtornado. Telefonei para o pai da garota e ele diz que é melhor chorar hoje do que chorar depois. A menina mora com a avó, com quem tenho mais ligação, e estou muito preocupada. Esse menino tem algum transtorno e pode fazer uma loucura. Os pais sabem de tudo, mas não tomam providências”, disse a diretora, que não vai expulsar os alunos. “Pretendo resgatá-los. Vou conversar com a Secretaria de Estado de Educação, pois acho que todo ser humano merece uma chance”.

Para a diretora, os pais não sabem impor limites aos filhos. “Eles dão tudo, mas não sabem dominá-los. E nós, professores, não damos mais conta de educá-los e ensinar todos os princípios se a família não está presente”, desabafou Elaine, que este ano já promoveu seis reuniões de pais e mantém uma ficha de acompanhamento de cada aluno. “Cumpro o meu papel de educadora, mas não posso resolver o problema do mundo sozinha”, disse.

O delegado Felipe Falles autuou o adolescente por lesão corporal e ameaça, encaminhando-o para o Juizado da Infância e da Juventude. O professor foi encaminhado ao Instituto Médico Legal (IML) para exame de corpo de delito. “Os casos de violência contra professores têm sido freqüentes. Pelo menos dois casos de agressão chegam à delegacia toda semana, cada vez com lesões mais sérias”, disse o delegado. “Os pais estão levando seus filhos para a escola e deixando com o professor a responsabilidade de educá-los”, disse o policial.

De acordo com a assessora da superintendência regional de ensino metropolitana A, da Secretaria de Estado de Educação, Maria Adelaide Bergo Barros, o aluno será advertido pela escola. Segundo ela, não há estatística de agressões de alunos contra professores na rede estadual de ensino, pois geralmente são ameaças verbais, que são resolvidas na escola. (PF)

DENÚNCIA HÁ UM MÊS

Em outubro, o Estado de Minas mostrou, em série de reportagens, casos de violência contra profissionais da educação em escolas de Belo Horizonte, região metropolitana e de outros estados. Foram relatos de falta de respeito em sala de aula, que começavam com alunos ‘cantando’ professores, falando expressões de baixo calão, intimidando-os e agredindo-os física e moralmente. Pesquisa do MEC revela que, de 11.467 professores entrevistados, 37,64% já tinham sofrido algum tipo de violência na escola e 83,25% não hesitaram em dizer que não estão satisfeitos em execer a profissão.

Nenhum comentário: